Resumen: Este trabajo revisita una experiencia histórica de conflicto ambiental en Uruguay. La cuenca de la Laguna Merín situada en la región este del Uruguay y sur de Brasil es conocida actualmente por ser uno de los territorios especializados en la producción de arroz bajo riego. En Uruguay, esta especialización se inició durante el siglo XX en una zona de humedales, mediante un extraordinario proceso de modificación hídrica para convertirla de inundable e improductiva -debido a una natural “deficiencia hidrológica”- a su actual destino como pujante región agroproductiva. Tomo como referencias aportes del campo de la antropología del agua y el de estudios del ciclo hidrosocial y los paisajes que comparten premisas en torno a la politicidad de la naturaleza y el agua particularmente. Así, desde una perspectiva del agua como punto de entrada para comprender históricamente la conformación de ambientes socio-naturales, este trabajo aborda una experiencia que puede considerarse el primer conflicto ambiental en Uruguay. El agua, en el proceso considerado, se produce al mismo tiempo que el paisaje como en objeto del saber científico-tecnológico, máquina de producir valor, transporte de vida y muerte, fuente de poder, luchas y jerarquías. Estas distintas formas se transforman aceleradamente evidenciando una intrincada relación entre aguas, poder y formas de producir naturaleza. Considerando que el agua, incluyendo su materialidad, es siempre un asunto histórica y culturalmente específico, este recorrido permite preguntarnos ¿qué es y qué hace el agua en este lugar?
Abstract: This work revisits a historical experience of environmental conflict in Uruguay. The Laguna Merín basin located in the eastern region of Uruguay and southern Brazil is currently known for being one of the territories specialized in the production of irrigated rice. In Uruguay, this specialization began during the 20th century in a wetland area through an extraordinary process of hydrological modification to convert it from being flooded and unproductive -due to a natural "hydrological deficiency"- to its current destiny as a thriving agro-productive region. I take as references contributions from the field of water anthropology and studies of the hydrosocial cycle and landscapes that share premises around the political nature and water in particular. Thus, from a perspective of water as an entry point to historically understand the formation of socio-natural environments, this paper addresses an experience that can be considered the first environmental conflict in Uruguay. Water, in the considered process, is produced at the same time as the landscape as an object of scientific-technological knowledge, a machine for producing value, a transport of life and death, a source of power, struggles and hierarchies. These different forms are quickly transformed to show the intricate relationship between water, power and ways of producing nature. Considering that water, including its materiality, is always a historically and culturally specific matter, this tour allows us to ask ourselves, what is water and what does it do in this place?
Resumo: Este trabalho é uma revisão de uma experiência histórica de conflito ambiental no Uruguai. A bacia da Laguna Merín, localizada na região leste do Uruguai e sul do Brasil, é atualmente conhecida por ser um dos territórios especializados na produção de arroz irrigado. No Uruguai, esta especialização começou durante o século XX em uma área úmida através de um processo extraordinário de modificação hidrológica para convertê-la de inundada e improdutiva -por uma "deficiência hidrológica" natural- ao seu destino atual como uma região próspera agro-produtiva. Tomo como referências contribuições do campo da antropologia da água e estudos do ciclo hidrossocial e das paisagens que compartilham premissas em torno da natureza política e da água em particular. Assim, a partir de uma perspectiva da água como ponto de partida para compreender historicamente a formação dos ambientes socionaturais, este artigo aborda uma experiência que pode ser considerada o primeiro conflito ambiental no Uruguai. A água, no processo considerado, é produzida ao mesmo tempo que a paisagem como objeto de conhecimento científico-tecnológico, máquina de produção de valor, transporte de vida e morte, fonte de poder, lutas e hierarquias. Essas diferentes formas são rapidamente transformadas para mostrar a intrincada relação entre água, poder e formas de produzir a natureza. Considerando que a água, incluindo a sua materialidade, sempre foi uma questão histórica e culturalmente específica, nos permite perguntar-nos o que é a água e o que faz neste lugar?